Aldeia Mãe é o trabalho da minha vida até aqui. Foram quase três anos desde o momento inicial da apresentação da proposta.

Minha relação com o povo Pataxó começou em 2021, quando tive a oportunidade de dirigir meu primeiro documentário. Naquele ano, Monica Bello buscava alguém para criar o filme "Sambadores e Sambadeiras da Aldeia Mãe", que explorava a raiz indígena do samba brasileiro. Esse trabalho inicial abriu portas para conquistas importantes para a comunidade, incluindo a criação da lei que reconheceu o Samba Indígena Pataxó como patrimônio cultural de Porto Seguro — de autoria do vereador e amigo Vinicius Parracho.

Foi então que surgiu a possibilidade de participar do edital da Natura Musical, mais uma vez com um projeto escrito pela Monica. Esse projeto grandioso incluiu diversas atividades, como feiras culturais, aulas de música para crianças, a criação do clipe musical "A Força dos Encantados" — que já ultrapassou 40 mil visualizações no YouTube — e um novo documentário. Esse filme narra a história de Barra Velha e o papel fundamental da música na preservação e reconstrução da cultura Pataxó.

Desde então, foram dois anos intensos de trabalho, envolvendo muitas horas de entrevistas, captações e quase um ano de edição. Foi um desafio que abracei com o coração.

O documentário é um retrato de uma história marcada por dor, mas também cheia de vida e esperança.

Eu me vejo apenas como uma ferramenta nesse projeto. Dediquei-me a criar uma obra sensível, que apresenta esse contexto doloroso com suavidade e empatia, valorizando os relatos que eternizam essa história. Filmar um documentário sobre indígenas foi um desafio imenso, carregado de responsabilidade. Desde o início, meu maior esforço foi permitir que a história fosse contada por eles próprios, com suas vozes e perspectivas. É um documentário leve na forma, mas poderoso em seu conteúdo.

Theo Bueno - Diretor do filme